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Nada além de nós mesmos!

  • Greice Reis. Texto,foto
  • Mar 8, 2017
  • 4 min read

Uma inquietude foi lançada assim que meus olhos vislumbraram aquela Cena; linda, rosa, alegre e nostálgica… As lagrimas não rolaram, elas dançaram a dança do pensamento no ritmo de um coração de 31 anos que traz recordações de um tempo onde tranças e sapatilhas eram o sonho de uma garotinha de nariz empinado e pés chatos! Ver minha filha de 3 anos em sua primeira aula de bale me arrebatou no inicio, no meio me descontrolou e ao fim já era outra. Aprendi com a menina! As duas meninas; a dela e a minha!

Maria flor como toda criança tem o corpo como alma, e quando criança é a alma que fala primeiro. Inúmeras vezes me peguei admirando esta capacidade de entrega total e de pernas que se abrem em espacate, coluna que se curva até concluir uma cambalhota, pezinhos que se desalinham dando um giro completo e perfeito enquanto os bracos brincam desconexos. Se souber olhar vais ver um desenho perfeito de um arco-íris de emoções, o corpo fala tão melhor as coisas da alma, verdade é que na infância corpo e alma são a mesma coisa, se fundem, se completam. Ofereci a ela balé ou karate? Ela decidiu por balé porque se viu encantada por paredes rosa choque! Tentei conter meu entusiasmo, sei que não posso, não devo e não quero colocar minhas expectativas ou frustrações no corpo-alma de ninguém! Demoramos ainda duas semanas a comparecer a uma primeira aula.

O dia Chegou .

Ela entrou correndo, sem precisar de adaptação, anda sedenta por novas relações Eu fiquei na recepção onde pude assistir a aula por uma tela. Muitas risadas, eu não pude conter os sentimentos que acabavam surgindo conforme musica, flor em movimento, seu riso, piruetas, o jeitinho doce sem deixar de ser moleca… Uma hora passou voando, mas eu fui bem mais fundo e tão mais longe. Lá estava minha filha, brincando, girando descompassada até cair de tonta, lindamente sendo ela! Naquele momento eu esqueci tudo! Passado, futuro, por vir! Eu era apenas uma mãe olhando e sentindo a alegria de ser de sua filha! Ali fui plena, me permiti ser! Leve como num salto de Bailarina eu ri meu riso mais autentico e sincero… Voltamos para casa e uma inquietude tomou conta de mim! Chegamos em casa e eu exclamei; Flor agora tu é uma Bailarina! Ela me respondeu contrariada; Não mãe! Eu sou Maria Flor! Era isso! Esta era a mãe da minha inquietude…

QUANDO FOI QUE DEIXEI DE SER EU MESMA? A resposta veio como uma confirmação; Quando deixei de sentir!

Que sobre carga carreguei no intuito de ser um grande algo, de alçar vôos ``importantes`` e logo veio a culpa de não sair do chão! Meus múltiplos pensamentos e preocupações são nuvens que por vezes me cegam, acabo por jogar a culpa destes fracassos todos somados na mochila! Ela pesa tanto e a tanto tempo, que chegou uma hora que vi meu tempo escorrer por entre os dedos, se esvair com o vento, enquanto eu passava articulando planos incontáveis e infalíveis para conseguir carregar esta mochila por mais tempo e fazer longas jornadas! Vitória agora é suportar! Tanto peso e tanta nuvem que a bailarina já não dança, a criança já não brinca, o corpo já não fala e a alma se perdeu… Preciso sentir, na verdade preciso aceitar que sinto mesmo que não faça sentido, preciso saber ser orgânica, expansiva, admitir não ser de um passado e ter total descontrole de um futuro… Entre o passado e o futuro existe algo, na verdade só o que existe é o entre, porque o antes e o depois são nada além de fantasmas, poeira cósmica…

O que eu sinto agora é que quando eu paro, caída ou não, Respiro! Sinto, redescubro meu corpo, percebo que ele; o corpo, a alma que deixei lá na infância me conduz a uma realidade tal que custo acreditar ser no tempo espaço que costumo habitar! Esta viajem que na verdade é um retorno para o agora, para o tempo presente, para o Segundo vivente é tão ardente de tão perene que sinto o ar que queima ao entrar pelos pulmões, é ar real é vida que pulsa de tão vivida! Aqui mora o eu, o cheiro da comida da mãe, o sorriso engraçado do marido, a agonia do amigo a espera da minha escuta, o brilho nos olhos do filho que amamento, o meu suor, o abraço infinito, o cheiro da terra molhada, aqui mora a vontade de cantar, mora o corpo que quer falar, mora a alma que habita no corpo!

Esta sou eu, o tempo todo aqui! Na vida, Neste instante!

Quando me cobro para ser alguém estou sendo injusta com o que eu sou. Preciso me permitir ser a mãe que amamenta enquanto amamento, a amiga que escuta enquanto escuto, a mãe orgulhosa enquanto observo, a amante enquanto amo, a mulher enquanto viva. Demorou tanto tempo até eu largar esta mochila, agora é preciso esvazia-la! Me percebo pesada, pés cansados, sapatilhas encardidas…

Tiro o peso imenso das costas, perco o equilíbrio, caio, este estado enquanto deitada, inerte, se faz necessário por hora, assim que possível levanto! De súbito um pensamento rasga o véu das coisas como são! Penso; Como alguém que passou anos de sua sobrevida carregando uma mochila saberá viver sem ela?

Fecho os olhos. Respiro. Sinto a alma, sinto o corpo. Entre um sopro e outro decodifico que por baixo da mochila demasiadamente pesada, sempre existiram asas, e como antes elas ainda estão perfeitamente prontas para voar. Me belisco! Só sentir e tem que ser agora! Seria impossível este vôo sem a leveza de um corpo-alma que agora sabe que não precisa ser nada além de si mesmo!

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