Moda Consciente como um ato Feminista
- Greice Reis
- May 2, 2017
- 3 min read

Cabeça baixa, olhos cansados e tensos fruto de uma pressão gigante de uma espécie de corrida contra o tempo!
Horas a fio de suor, empenho, força e muitas vezes lágrimas. Para ser mais exata são doses horas ininterruptas de trabalho, tempo e vida dedicadas a uma indústria que parece ignorar direitos e não ter compaixão a seus iguais. Sobram Dólares e falta humanidade!
Existem muitas mãos femininas neste trabalho, algumas trazem a vivacidade de seus 14 anos, que em mais alguns já estarão adequadas e conformadas com a demanda e o relógio que insiste em não passar. Mas lá fora ele voa, são muitos anos perdidos, são vidas sendo terceirizadas para comportar a demanda de uma indústria que tem pressa e quer lucrar a qualquer custo alheio.
Algumas mulheres nesta Fábrica carregam seus filhos em pensamento, talvez aquele último abraço das férias passadas e contam os dias e meses para um próximo reencontro. Outras os têm mais próximos, logo abaixo deitados ao chão entre seus pés e máquina de costura .
São 12 horas de vida diária, vividas em um espaço insalubre, desconfortável e em muitos casos ameaçador quando levado em conta a presença de homens ARMADOS a fim de fiscalizar o trabalho destas mulheres.
Muitas agressões vividas no interior destas fábricas já foram denunciadas, muitas agressões sofridas por conta de apelos e solicitações de aumento e melhores condições de trabalho. E quando se fala aqui de melhores condições de trabalho para estas mulheres muitas vezes significa permissão de se alimentar e usar o banheiro sem sofrer repressão e agressões como empurrões por exemplo.
No Documentário The True Cost podemos ouvir uma representante da classe de costureiras de uma das milhares das Fábricas de tecidos espalhadas pelo oriente de forma Estratégica a fim de passar por cima de direitos trabalhistas, se aproveitando da economia, pobreza e baixo desenvolvimento econômico destes Países.
Shima Akther Relata durante sua participação no documentário The True Cost sérias agressões sofridas por ela e suas colegas de trabalho em resposta a um pedido por melhores condições de trabalho.
‘’ ELES fecharam as portas da fábrica, nos agrediram com socos no estômago e bateram nossas cabeças contra a parede’’ desabafa …
No Documentário em questão ela é acompanhada em sua jornada e cotidiano, tem filho pequeno e está nesta indústria desde seus 14 anos.
Ao fim citando a incidente em Bangladesh que com a queda do edifício Rana Plaza morreram mais de 900 trabalhadores têxteis ela concluiu; Eu gostaria que ninguém usa-se estas roupas que foram feitas com o nosso sangue’’.
Existem HOJE milhões de trabalhadores na indústria têxtil, 85% deste trabalhadores são mulheres.

A maior parte destas Mulheres trabalhadoras vivem em uma situação de exploração e escravidão moderna.
Em tempos de um fenômeno social tão significativo chamado; feminismo onde temos a solidariedade e a chamada SORORIDADE como um dos fundamentos deste movimento, precisamos exercer de forma ativa em todos os aspectos da nossa vida, esta luta.
Não existem dúvidas, de que quem dá movimento e por sua vez maior lucro para esta indústria somos nós mulheres. O poder de consumir, ou não, destas empresas está em nossas mãos.
Sei que em questões sociais existem diversas realidades, mas está na hora daquele fazer de si para si de forma consciente, autônoma e com todo amor pelos seres vivos o que certamente irá refletir no coletivo.
Comprar de produtores locais, fazer reformas em suas roupas para diminuir lixo têxtil e ainda valorizar o trabalho de uma costureira local. Comprar em brechós e procurar empresas que se comprometam com a qualidade de vida dos seus funcionários. Pode sim ajudar a mudar o mundo!
Dizer não a marcas que não se importam com a vida e saúde de suas trabalhadoras é dizer Não a violência cometida a essas milhares de mulheres.
Dizer sim ao consumo consciente é dizer SIM estamos na luta com vcs.
O Consumo Consciente da moda é SIM um ato Feminista!
Comments